BREVE
RESUME
DA CARTA APOSTÓLICA DE PAPA FRANCESCO
Da
Redação, com Boletim da Santa Sé
O Vaticano divulgou nesta
segunda-feira, 21, a carta apostólica Misericordia et misera, do Papa
Francisco, por ocasião do encerramento do Jubileu da Misericórdia. O documento
pode ser lido na íntegra, em português, na página do Vaticano, e está dividido
em 22 pontos.
O Santo Padre explica que essas
duas palavras – misericórdia e mísera – foram as duas palavras usadas por Santo
Agostinho para descrever o encontro de Jesus com a mulher adúltera. Essa
passagem bíblica, segundo o Papa, ilumina a conclusão do Jubileu Extraordinário
da Misericórdia, “indica o caminho que somos chamados a percorrer no futuro”.
Agora que o Jubileu terminou,
Francisco diz que é tempo de olhar adiante e ver como continuar experimentando
a riqueza da misericórdia divina. “ As nossas comunidades serão capazes de
permanecer vivas e dinâmicas na obra da nova evangelização na medida em que a
‘conversão pastoral’, que estamos chamados a viver, for plasmada dia após dia
pela força renovadora da misericórdia”.
1.Celebração
eucarística
Em primeiro lugar, Francisco aponta
a celebração da misericórdia através da Missa. Dirigindo-se aos sacerdotes de
modo especial, o Papa recomenda a preparação da homilia e o cuidado na sua
proclamação. “Comunicar a certeza de que Deus nos ama não é um exercício de
retórica, mas condição de credibilidade do próprio sacerdócio”, adverte o
Pontífice. O Papa faz algumas sugestões, como de um domingo dedicado
inteiramente à Palavra de Deus, em prol de sua difusão, conhecimento e
aprofundamento.
2.Perdão
O Pontífice dedica amplo espaço na
Carta Apostólica para falar do sacramento da Reconciliação, “que precisa voltar
a ter o seu lugar central na vida cristã”. Francisco agradece aos “missionários
da misericórdia”, que ele instituiu no início deste Jubileu para aproximar os
fiéis da confissão. De fato, determinou que este ministério não termine com o
fechamento da Porta Santa, mas permaneça até novas ordens. Aos confessores, o
Papa pediu acolhimento, disponibilidade, generosidade e clarividência. “Não há
lei nem preceito que possa impedir a Deus de reabraçar o filho. Deter-se apenas
na lei equivale a invalidar a fé e a misericórdia divina”, escreve, pedindo que
seja reforçada nas dioceses a celebração da iniciativa “24 horas para o
Senhor”, nas proximidades do IV domingo para a Quaresma.
3.Absolvição
do aborto
Neste contexto, se encontra a
grande novidade da Carta Apostólica. A partir de agora, o Pontífice concede a
todos os sacerdotes a faculdade de absolver a todas as pessoas que incorreram
no pecado do aborto. “Aquilo que eu concedera de forma limitada ao período
jubilar fica agora alargado no tempo, não obstante qualquer disposição em
contrário. Quero reiterar com todas as minhas forças que o aborto é um grave
pecado, porque põe fim a uma vida inocente; mas, com igual força, posso e devo
afirmar que não existe algum pecado que a misericórdia de Deus não possa
alcançar e destruir, quando encontra um coração arrependido que pede para se
reconciliar com o Pai. Portanto, cada sacerdote faça-se guia, apoio e conforto
no acompanhamento dos penitentes neste caminho de especial reconciliação.”
4.Fraternidade
de S. Pio X
Na mesma linha, o Papa estende a
absolvição sacramental dos pecados aos fiéis que frequentam as igrejas
oficiadas pelos sacerdotes da Fraternidade de São Pio X, instituída no Ano
Santo. “Para o bem pastoral destes fiéis e confiando na boa vontade dos seus
sacerdotes para que se possa recuperar a plena comunhão na Igreja Católica,
estabeleço por minha própria decisão de estender esta faculdade para além do
período jubilar, até novas disposições sobre o assunto, a fim de que a ninguém
falte jamais o sinal sacramental da reconciliação através do perdão da Igreja.”
5.
Caridade
Francisco fala ainda da importância
da consolação, principalmente na família e no momento da morte, mas é à
caridade que dedica outra grande parte da Carta Apostólica: “Termina o Jubileu
e fecha-se a Porta Santa. Mas a porta da misericórdia do nosso coração permanece
sempre aberta. (…) Por sua natureza, a misericórdia se torna visível e palpável
numa ação concreta e dinâmica”.
O Papa cita algumas iniciativas
deste Ano Jubilar, como as sextas-feiras da misericórdia, para agradecer aos
inúmeros voluntários que dedicam seu tempo ao próximo. Mas para incrementar
essas iniciativas, o Pontífice pede que se “arregace as mangas”, com imaginação
e criatividade. As obras de misericórdia – escreve – têm “valor social” diante
de um mundo que continua gerando novas formas de pobreza espiritual e material,
que comprometem a dignidade das pessoas.
“O caráter social da misericórdia
exige que não permaneçamos inertes mas afugentemos a indiferença e a hipocrisia
para que os planos e os projetos não fiquem letra morta.” Para Francisco, com
as obras de misericórdia se pode criar uma verdadeira revolução cultural.
6.Dia
Mundial dos Pobres
No final da Carta Apostólica, como
mais um sinal concreto deste Ano Santo Extraordinário o Pontífice institui para
toda a Igreja o Dia Mundial dos Pobres, a ser celebrado no XXXIII Domingo do
Tempo Comum. “Será a mais digna preparação para bem viver a solenidade de Nosso
Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, que Se identificou com os mais pequenos e
os pobres. Será um Dia que vai ajudar as comunidades e cada batizado a refletir
como a pobreza está no âmago do Evangelho e tomar consciência de que não poderá
haver justiça nem paz social enquanto Lázaro jazer à porta da nossa casa. Além
disso este Dia constituirá uma forma genuína de nova evangelização.”
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