terça-feira, 14 de novembro de 2017

O Hábito Religioso



Ótimo texto sobre hábito religioso. Infelizmente o abandono do hábito religioso pelos religiosos, após o Vaticano II, que nunca impôs isto,(nem recomendou isto) enfraqueceu bastante a vida consagrada secular, porque igualou religiosos, a consagrados leigos, na sua distinção visível.


Ao longo da história da Igreja, o hábito dos religiosos teve uma grandíssima importância, porque os religiosos não só estão chamados a uma vida de total consagração a Deus, mas também a manifestar e  testemunhar publicamente sua consagração.
O Concílio Vaticano II afirma que “o hábito é sinal de consagração” (Cf. Perfectae Caritatis, n. 17). Os sinais devem ser empregados mais que nunca, “sobretudo neste mundo de hoje, que se mostra tão sensível à linguagem das imagens…onde se é tão timidamente debilitado o sentido do sagrado, o povo sente a necessidade destes apelos a Deus, que não podem ser abandonados sem um certo empobrecimento do nosso serviço sacerdotal”[1].
Este sinal “para o religioso expressa sua consagração e põe em evidência o fim escatológico da vida religiosa”[2]. Os religiosos de nosso Instituto vestem o santo hábito, que é sinal de sua consagração e testemunho de sua pobreza[3]. O valor do hábito está dado “não só porque contribui com o decoro do sacerdote em seu comportamento externo ou no exercício de seu ministério, mas, sobretudo, porque evidencia na comunidade eclesiástica o testemunho público que cada sacerdote está chamado a dar da própria identidade e especial pertença a Deus”[4]. Amamos, pois, o hábito, que vestimos como uma segunda pele. Dizia São Francisco de Assis que só com a presença do religioso vestido com seu santo hábito já se prega[5].
Imposição de Batinas
“O hábito faz referência a uma realidade mais profunda, interior, espiritual, que é o fato de pertencer a Cristo”
O religioso que deixa as vestes seculares para vestir o hábito, manifesta que deixa o mundo e as coisas do mundo, para abraçar o mesmo modo de vida de Cristo: casto, pobre e obediente. Por esta razão o hábito é sinal de consagração.
O hábito é um sinal e como tal faz referência a uma realidade mais profunda, interior, espiritual, que é o fato de pertencer a Cristo, a união íntima com Ele. Quem veste o hábito manifesta na realidade que se revestiu de Cristo. Todo batizado se reveste de Cristo com o batismo, mas muito mais ainda o religioso, porque consagra toda sua vida a uma união mais perfeita com Ele. Por isso se diz que a consagração religiosa é como um segundo batismo, porque leva a plenitude as exigências do batismo. O Concílio Vaticano II afirma: “A profissão religiosa tem suas mais fundas raízes na consagração batismal, que a aperfeiçoa de modo pleno” (Perfectae Caritatis, 5). João Paulo II na exortação post sinodal Redemptionis donum, n. 7 afirma: «A consagração religiosa constitui, sobre a base sacramental do santo batismo, uma nova vida para Deus em Jesus Cristo». E por esta razão se pode dizer que o religioso é aquele que por excelência se reveste de Cristo, o que se manifesta justamente, vestindo o hábito do Instituto.
O Hábito Religioso
“O hábito é sinal de consagração.”
No mundo do sensível, é necessária também uma manifestação sensível de nossa consagração. Da batina que usamos como sacerdotes religiosos se pode aplicar as palavras do Beato Manuel González falando daquilo que pode fazer um Padre só com a sua presença[6]. Só a presença do Padre, independentemente de suas virtudes e talentos, de sua simpatia e antipatia, exerce um grande poder. Para o mundo a presença do Padre é um protesto, uma lembrança e um remorso.
Um protesto: em uma sociedade, por corrompida que esteja, o hábito combate a  imposição do vício e dos enganos, porque a presença de uma pessoa consagrada diz a muitas pessoas que o que elas estão fazendo está mal.
Uma lembrança de seus deveres: não se pode ver um Padre, veja-se como se veja, sem que nos lembremos de que Deus existe, que existe um Credo, que existem os mandamentos, que existe outra vida com castigos e prêmios. Prova disso são as discussões que só o passar de um Padre levanta. O Padre com seu hábito, até sem dar-se conta, é uma constante promulgação do catecismo, é como se fosse o Evangelho andando pela rua.
Um remorso: e isso explica o rancor e a raiva que a muitos provoca a presença de um padre, seja conhecido ou desconhecido.
O Padre com seu hábito pode ser chamado de consciência visível da humanidade e a raiva que contra ele se sente não é nem mais nem menos que a mesma que se sente contra o grito inoportuno e ameaçador da própria consciência que recrimina as más ações.
[1] JOÃO PAULO II, Carta La cura dell’amata diocesi ao Card. Ugo Poletti, Vigário Geral para a Diocese de Roma (08/09/82); OR (24/10/82), p.5.
[2] Ibidem.
[3] Cf. CODIGO DE DIREITO CANÔNICO, c. 669, § 1.
[4] JOÃO PAULO II, Carta La cura dell’amata diocesi ao Card. Ugo Poletti, Vigário Geral para a Diocese de Roma (08/09/82); OR (24/10/82), p.5.
[5] Cf. FRANCISCO DE ASSIS, Fioretti.
[6] Cf. MANUEL GOZÁLEZ, Lo que puede un Cura hoy.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Sufrágio pelas almas






              O Novo Catecismo da Igreja Católica reafirma a existência do purgatório. Ele não foi abolido após o Vaticano II, mesmo que alguns teólogos modernistas não  o aceitem. No dia de finados nós não homenageamos os mortos e nem celebramos a sua ressurreição que se dará apenas no ultimo dia da história, ao final dos tempos. Rezamos em sufrágio, ou seja, pela libertação de suas almas das penas do purgatório e que possam, após haverem pagado as pernas temporais devidas aos pecados, contemplar Deus face a face. E rezamos pelos fieis católicos defuntos, porque temos a esperança que já salvos, aguardam a purificação necessária para chegaram à presença de Deus. Não sabemos quem são os condenados, mas se soubéssemos não poderia haver oração por eles porque para estes não há purificação, mas condenação eterna.
             Este é o sentido católico do dia de finados. De oração pelas almas dos fieis defuntos que padecem no purgatório e não um dia de homenagens pelos mortos e pelo que eles fizeram nesta vida. E muito menos dia de ação de graças porque eles já ressuscitaram. A ressurreição geral coincidirá como  o juízo final e a volta gloriosa de Cristo. Esta é a doutrina catoliza de sempre.